Um dia, alguém me perguntou qual palavra eu achava mais bonita. Esdrúxulo, eu disse! sim, esdrúxulo. Naquela época eu achava essa palavra simplesmente incrível. Imagine, você mulher, um homem proferindo em alto e bom tom a palavra esdrúxulo. Por certo, uma impetuosa vontade de ser tomada por aquele vociferador de proparoxítonas inundaria seu sistema nervoso central. Agora imagine você, caro Homo Sapiens de polegar opositor, ouvir a doce voz da mais cheirosa e meiga mulher, exclamando, segura de si, a palavra esdrúxulo. Eu sei! O Neanderthal babante adormecido pela evolução também tomaria conta do seu corpo.
Pois bem! Ultimamente tenho tido fortes encontros com a minha mais nova linda palavra. Interpenetrar. Se a minha antiga palavra brilhava pelo impacto causado por quem a pronunciava, minha nova palavra encanta pela própria palavra. Interpenetrar! Penetrar não! Penetrar é uma palavra vulgar, intrusiva, feia de todo modo. Mas interpenetrar é a melhor das palavras! é consensual, é quase romântica. E é incrível porque ela me lembra todas as outras palavras bonitas que eu conheço. Equilíbrio, igualdade, completude. Interpenetrar é uma palavra completa por si só. Você nem precisa ouvir alguém falar a palavra. Basta imaginar.
Tenho agora duas palavras incríveis como favoritas.